Um lugar onde as pessoas estão juntas com o propósito do autoconhecimento, tendo a natureza como professora Mestra. Um lugar em que o sol, a lua, a chuva e as expressões mais simples de vida são ritualizados e celebrados. Nessa Pequena-Grande Casa Sagrada, Terra Mirim, cada Elemento, os nossos Avó, aqueles (as) que vieram antes de nós, tem o seu canto imantado de conexão: são os Templos da Água, o Templo da Terra, o Templo do Ar e o Templo do fogo. Outros centros de energia são a Casa da Lua, a Casa do Sol (Geodésica), Casa dos Mestres e o Templo de Meditação.
Nos primórdios era povoada pelos povos originários Tupinambás. Tempos depois, foi a Vila Kennedy, local em que a XamAM morava com sua família.
Sendo devota da Deus Mãe, em uma tarde do final dos anos 80, a XamAM se retirou para meditar. Sozinha, sentou-se, no lugar onde hoje é o templo da Terra, da Grande Mãe e lá teve a inspiração de que aquele lugar em que vivera até então com sua família deveria ser um local para a humanidade. “Fui seguindo esse sonho aos poucos e construindo o que hoje é conhecido como Fundação Terra Mirim – Centro de Luz”, explica a XamAM.
Para chegar ao formato de Fundação foi um tempo de pesquisa, escuta, contatos. Assim muitas ideias foram surgindo: associação, instituto e tantas outras denominações. “Foi a que nosso coração acolheu, principalmente porque nos exigia o exercício da doação sem retorno para o doador/instituidor”, relembra Khalyna. A Fundação, por sua característica jurídica, implica que o objeto doado serve a um propósito e por isso é zelada e fiscalizada pelo Ministério Público, que assegura a permanência do propósito.
A primeira construção foi o Templo de Meditação. Ele era muito simples, com cobertura de palha de dendê. No primeiro Ano Novo que a tribo passou, em comunidade, nesse templo e perto de meia noite choveu bastante. “E a maioria de roupa branca ali permaneceu! Celebramos muito, orando e agradecendo por tudo. Isso nunca mais saiu de dentro de mim, faz parte das nossas memórias”. Não houve reclamações, simplesmente celebração com a Avó Água! E assim seguiram as construções, com consciência de que a espiritualidade é o eixo de todo o movimento.
Templos Quatro Elementos
Cada templo foi se dizendo, através de meditação, inspiração, escuta profunda dos nossos avós, a Terra, o Ar, a Água e o Fogo! Todos imantados de amor, gratidão, devoção, inspiração e sabedoria.
Templo da Terra
O Templo da Terra, da Grande Mãe, foi onde a XamAM recebeu a grande inspiração, passou por muitas fases até a construção do caminho das pedras, dos jardins e finalmente da gruta. Na gruta, oramos pela Pachamama e em todo o templo, dançamos para ela!
Templo do Ar
O Templo do Ar começou com a plantação dos bambus, fazendo o jardim em forma de um pássaro. Ele mesmo parece uma grande respiração, pela exuberância de expansão dos bambus. Neste templo nos conectamos com a arte, a dança, os sonhos, a comunicação, a respiração…
Templo do Fogo
O Templo do Avô Fogo, era o lugar onde eram feitas as fogueiras, com cânticos e partillha dos sonhos. O local foi sendo ampliado e atualmente tem espaços para a fogueira e para as cabanas da purificação. Como esta área era muito alagada, foram plantados muitos eucaliptos e outras árvores. Desta forma, a água foi secando e o espaço ficou mais protegido e possível de ser utilizado. Toda a diversidade de plantas presente , como aquelas árvores enormes, uma ao lado da outra, formando um círculo, tornou-se o Templo dos Ancestrais.
Templo das Águas
O Templo das Águas sempre foi próximo ao rio Itamboatá. Foi sendo construído passo a passo, guiado pela Avó Agua. E assim os templos foram se revelando e acolhendo os ritos, meditações e celebrações O Templo das Àguas o lugar de reencontro com as nossas emoções e a sensualidade, fonte sagrada da vida.
Casa dos Mestres
O local, onde era um espaço de atendimento da XamAM, tornou-se a Casa dos Mestres – um espaço de meditação em contato com a energia de sabedoria dos mestres. Bom para meditar, local de encontro profundo consigo mesmo e com o nosso mestre interno. Como diz a XamAM, a natureza não separa, ela expande e une, diferente de dogmas religiosos. Por esta razão, podemos receber todas as pessoas que nos procuram, são seres humanos, independentemente de crença ou religião.
Casa da Lua
A redonda, acolhedora Casa da Lua, com seu belo altar às Deusas é, hoje, um espaço onde acontecem encontros, reuniões, rodas de leitura com pequenos grupos. Inicialmente a Casa da Lua era um espaço para crianças da comunidade, em momentos de banho de argila e outras medicinas. Tanto que, a construção dele foi pensada para crianças, tudo é baixinho; eles entravam pela janela, saíam do outro lado. Era uma grande brincadeira!
Casa das Artes
Onde hoje é a Casa das Artes (espaço de rituais, saraus, yoga etc) era o estábulo da antiga Fazenda Mirim, o espaço passou por uma grande reforma; em que cada detalhe foi cuidado, as telhas lavadas, paredes foram feitas com bambus e peças recicláveis. Tudo feito em mutirões, com muita alegria e criatividade. Foram muitos sonhos para este espaço, porém, ele mesmo disse ser para a arte! E assim foi. A XamAM sempre valorizou a arte e sonhou em ter esse lugar para arte e cultura. Dessa forma, esse espaço foi se construindo e acolhendo as diversas linguagens artísticas.
Jardins e Vitalidade
Terra Mirim é um grande campo de plantação de ervas medicinais, jardins e viveiros. O primeiro jardim de ervas foi próximo à Casa das Artes, chamado de Jardim dos Encantados. Ali tinha uma poltrona, onde dona Mhinana sentava, fazia rodas de ervateiras do vale. Foi o primeiro jardim construído com a intenção de ser para as ervas medicinais – chamado também de “farmácia viva”. Daí veio o projetos como Águas Puras e o projeto Senhora das Ervas. Alguns recantos mirianos das ervas e flores são o Jardim de Guiné, Jardim da
Deusa, Viveiro de Ervas a Mandala de Ervas.
Hoje existe a Casa da Vitalidade que, através do seu laboratório, transforma nossas ervas nativas em produtos cosméticos e para o cuidado com os corpos.
Recolhimento e chalés
O recolhimento é uma casa com 12 quartos, com nome de animais e banheiros coletivos, com a proposta de trazer a experiência aprofundada da vida comunitária, junto com os sete chalés. Estes espaços foram sendo construídos, aos poucos, pela Geração Capim Santo, inicialmente, para as idas nos fins de semana, quando iam trabalhar e se trabalhar. Há muitos anos, estes espaços são usados para receber visitantes, pessoas que participam dos eventos e programas realizados na Fundação.